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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Marilyn Monroe X Audrey Hepburn

Duas importantes atrizes e ícones adotados da indústria cinematográfica e cultura, Audrey Hepburn e Marilyn Monroe não têm muito em comum, com exceção de uma infância difícil e de ambas terem cantado Happy Birthday Mr. President para John Kennedy, Marilyn em 1962, e Audrey em 1963, embora apenas a primeira seja lembrada.
Nascida Norma Jean Motherson e crescida Norma Jean Baker (até hoje não se sabe muito sobre o pai), em primeiro de junho de 1921, Marilyn era uma perfeita geminiana. Comunicativa, determinada, engraçada, esperançosa, linda e não expressava muito de seus sentimentos abertamente, característica que lhe acompanhou durante toda a sua carreira. Marilyn cresceu com uma mãe problemática, sem um pai, trocando constantemente de lares adotivos, até casar-se pela primeira vez, quando tinha apenas 17 anos. Marilyn trabalhava em uma fábrica quando foi descoberta por um fotógrafo. Até então, ela era morena. Daí para se tornar a atriz mais pop de Hollywood não demorou muito. O ápice de sua carreira se deu quando a Twentieth Century-Fox convidou 200 repórteres para fotografem a cena – gravada três vezes – em que seu vestido branco é erguido pelo vento, no filme O Pecado Mora ao Lado. Nessa época, era casada com o jogador de basquete Joe DiMaggio, embora a relação não tenha sido mais forte que os ciúmes de DiMaggio, estimulado pelas performances de Marilyn. Após atuar em uma porção de papéis coadjuvantes e principais estereotipados (o símbolo sexual sem nada na cabeça), Marilyn cansava de ser menosprezada como trunfo comercial da Fox e sustentava o desejo de ser uma atriz de verdade. Não queria ser uma estrela, apenas uma atriz com talento e essência, embora o estrelato quase sempre lhe agradasse. Em parceria com o fotógrafo Milton Greene, Marilyn montou sua própria produtora: a Marilyn Monroe. Ela também optou por sentar ao lado de atores iniciantes em uma escola de dramaturgia, queria estudar sobre o que fazia. Apenas nesse período, Marilyn parecia realmente satisfeita com seu trabalho e, mesmo com todas as dificuldades da produtora que não durou muito, de lá partiram as suas atuações mais elogiadas. 
 
O talento de Marilyn, até então subestimado, começava a vir à tona. Sedenta por conhecimento, Marilyn encontrou no dramaturgo Arthur Miller a parceria intelectual que queria para a vida: era “a beldade e o cérebro”. Contudo, esse relacionamento se mostrou ainda mais complicado que o anterior, com DiMaggio, Miller era possessivo e controlador e não trazia uma boa imagem para a carreira de Marilyn. Eles se separaram em 1961, um ano antes de Marilyn ser encontrada morta em sua casa. Embora episódios polêmicos (como o envolvimento com os irmãos Kennedy) envolvam a carreira da atriz, há um lado de Marilyn que poucos conhecem, por não ser estimulador da imagem que vinha sendo formada. Embora passasse a impressão de liberdade e independência, Marilyn foi controlada de todos os lados: pelas produtoras, por seus maridos, pela mídia. Por muitas vezes ela tentava sair educadamente de perguntas constrangedoras como “Por que você está usando esse vestido? É um novo estilo, uma nova Marilyn?”, ao que ela respondia: “É uma mesma Marilyn, só com um vestido diferente”. Ou: “Você vai ter filhos?”. Marilyn pensava, parecia um pouco confusa com a pergunta, e respondia, sempre com ar doce e gentil: “Mas eu ainda não casei.” Ao contrário do que pensa a maioria, Marilyn tinha muitos livros e era até bem conservadora. Tudo o que queria era fazer bem o seu trabalho, casar, ter filhos e uma família de verdade. Algo que ela não conseguiu concretizar em sua plenitude até os 36 anos.


 
 
Bailarina frustrada e atriz talentosa, Audrey Hepburn ficou famosa em todo o mundo por sua atuação no filme Bonequinha de Luxo, baseado no romance de Capote, que queria para a personagem Holly Golightly a atriz Marilyn Monroe e apenas cansou de criticar Audrey nas últimas cenas do filme. Ao contrário de Marilyn, Audrey sempre soube comedir sua carreira e não deixava que a imagem que passava em seus filmes fosse maior que aquela que representava o que ela verdadeiramente era: uma profissional dedicada, apaixonante e apaixonada, e humanitária. Audrey Kathleen Ruston nasceu em 1929, na Bélgica, passou a infância na Inglaterra, onde apaixonou-se por balé e, durante a adolescência, mudou-se para a Holanda, país que sua mãe previa, erroneamente, que pouco seria afetado pela Segunda Guerra Mundial. Audrey envolveu-se com a Resistência e perdeu, muito nova, alguns amigos e parentes, mortos na sua frente. Anos mais tarde recusou o papel de Anne Frank nos cinemas. Audrey foi oficialmente batizada em Hollywood em A Princesa e o Plebeu, em que atuou com Gregory Peck. Sua atuação lhe rendeu o Oscar de melhor atriz. Nas gravações de My Fair Lady, Audrey revela um ato de rebeldia: abandonou as gravações por um dia quando descobriu que nas cenas musicais seria dublada por uma cantora da Broadway. O filme também foi criticado por não ter optado por Julie Andrews para o papel principal, já que ela interpretava Eliza Doolittle na Broadway. Isso fez com que Audrey não fosse indicada ao Oscar naquele ano, o que é considerado uma injustiça até hoje. Embora tenha estado em grandes títulos do cinema clássico, a carreira não era bem prioridade na vida de Audrey Hepburn. Sempre se mostrou uma mulher preocupada com seus amigos e família. Cresceu longe do pai e aborrecida por julgar que ele havia abandonado a si e à mãe quando ela era uma criança. Contudo, depois de adulta, fez as pazes com ele. Foi mãe e esposa dedicada em seus dois casamentos (com Mel Ferrer e Andrea Dotti) e uma união estável, Robert Wolders, com quem ficou até a sua morte devido a um câncer, em 1993, aos 63 anos. Em 1987, Audrey deu início ao seu mais importante e notável trabalho: o de embaixatriz da Unicef, facilitado por seu domínio de línguas. Seu último filme, Além da Eternidade, foi rodado em 1989. Após isso, a atriz passou seus últimos anos atuando em trabalhos humanitários incansáveis.