Provavelmente, a Lua nasceu de uma pancada que a Terra levou. Há mais de 4 bilhões de anos, nosso planeta teria sofrido o maior impacto de sua existência: bateu de frente com outro planeta, um colosso do tamanho de Marte que atravessou a sua órbita. Como o astro desavisado era menor, ele acabou em estilhaços. A Terra, claro, também não escapou ilesa: boa parte da sua superfície foi literalmente para o espaço. Depois de alguns anos, os restos da explosão se juntaram para compor a Lua. Esse fenômeno assustador só aconteceu porque o sistema solar estava em formação naquela época. Poucos milhões de anos antes da grande trombada, só havia poeira microscópica em volta do Sol.
Os grãos, com o tempo, foram se juntando para formar rochas mais volumosas, que se chocavam umas com as outras, criando corpos ainda maiores. As rochas que se tornaram grandes e fortes sobreviveram como planetas – entre elas, a que chamamos hoje de Terra. Embora ainda não existam provas definitivas de que a colisão espacial tenha realmente acontecido, essa é, de longe, a teoria mais aceita sobre o surgimento da Lua. Um fortíssimo argumento a seu favor é o fato de a concentração de 2% de ferro do centro do satélite ser praticamente igual à encontrada nas camadas mais superficiais da Terra – justamente as que teriam sido atingidas pela pancada. “Além disso, a composição das pedras lunares é bastante parecida com a das rochas do manto terrestre, a camada que fica logo abaixo da superfície do planeta. É mais um ponto em comum entre os dois astros”, diz o geofísico Lon Hood, da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos.
Impacto profundo
Uma megatrombada espacial há 4,5 bilhões de anos deu origem ao nosso satélite
Uma megatrombada espacial há 4,5 bilhões de anos deu origem ao nosso satélite
UM PLANETA SECO
A Terra de 4,5 bilhões de anos atrás era o próprio inferno. Na sua superfície, só rochas e muita lava. A água líquida, base para a vida, só surgiria após centenas de milhões de anos. A fina atmosfera de então, formada por metano e amônia, seria fatal para os seres humanos. Um pedaço desse planeta ainda inóspito daria origem à Lua
1. Nessa época da Terra infernal, o sistema solar era jovem e instável, por isso aconteciam muitas colisões entre astros enormes, como planetas em formação. Um deles, que tinha cerca de metade do tamanho do globo terrestre, chocou-se contra a massa rochosa do nosso planeta. Com a batida, o astro intruso se espatifou e a Terra perdeu parte de sua superfície
2. A explosão formou uma quantidade de estilhaços com pelo menos o dobro da massa da Lua atual. Os pedaços do planeta intruso que estavam mais distantes da órbita terrestre escaparam para o espaço. Mesmo assim, metade dos estilhaços ainda sobrou como matéria-prima para formar o novo satélite
3. Os estilhaços que estavam mais próximos da Terra foram atraídos pela gravidade e caíram no planeta, ajudando a reconstruir a camada externa do globo. Os restos rochosos que dariam origem à Lua se juntaram como uma espécie de anel em torno do Equador terrestre. Por lá, a velocidade de rotação do planeta é mais rápida, o que fez com que as partículas se aglutinassem naquela região
4. Alinhados junto ao Equador, os estilhaços se uniram pela força de gravidade, formando a Lua. Os astrônomos estimam que esse processo de parto lunar deve ter sido bem rápido, levando no máximo 100 anos. Logo após seu nascimento, o satélite estava a apenas 25 mil quilômetros de distância da Terra. Hoje, a distância média gira em torno de 380 mil quilômetros.
COMPANHEIRA INFLUENTE
Desde sua formação, a Lua gera efeitos importantes na vida da Terra. Na época de sua criação, o satélite exercia uma atração gravitacional tão grande sobre a rotação do planeta que fazia os nossos dias durarem apenas cinco horas. Em alguns bilhões de anos, quando a órbita lunar se estabilizar, os dias durarão um mês. A Lua ainda é o grande astro responsável pelas marés oceânicas e pela variação do nível do mar na Terra