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terça-feira, 11 de julho de 2017

Japão de A a Z: 26 elementos para conhecer a cultura japonesa

A terra do sushi, dos samurais e das gueixas? É hora de ir além e desvendar a importância de outros grandes ícones do país


A cultura japonesa nunca sai de moda no Brasil. Da tela da TV às mesas dos restaurantes, há sempre uma nova tendência por aqui baseada nas tradições da Terra do Sol Nascente. Mas até quem come sushi desde criancinha pode se surpreender ao conhecer outros elementos culturais desse país tão distante e com uma história tão diferente da nossa.


    A de anime




O primeiro contato de uma criança com a cultura japonesa costuma ser nas telinhas. Os desenhos feitos no Japão fazem sucesso há décadas por aqui. A produção é vasta – são cerca de 430 estúdios no país dedicados a criar universos animados que se espalham pelo mundo, gerando um faturamento de quase 16 bilhões de dólares por ano. E não é só coisa de criança. Assim como na rica cultura de mangás – as HQs japonesas -, também existem animes com temas mais adultos, como filosofia, violência e sexo. A indústria do anime é tão poderosa que é comum surgirem produções baseadas em seu estilo (como o desenho americano Avatar: a lenda de Aang (2005)) e em suas histórias (é o caso do recém-lançado filme hollywoodiano A vigilante do amanhã (2017)).


    B de bentô




Sabe aquela marmitinha individual de comida que às vezes aparece nos animes e nos filmes que se passam no Japão? É o bentô. Geralmente vem numa bandejinha toda organizada, com a comida separada por compartimentos. Tem também uma subcategoria do bentô que faz sucesso na internet, o kyaraben. É basicamente a mesma comida, mas arranjada de forma a se parecer com bichinhos fofinhos e personagens de animes.




C de cosplay



O termo, que bombou em inglês, foi inventado pelo japonês Nobuyuki Takahashi em 1984 para descrever a prática de se fantasiar de personagens em convenções e encontros de fãs. Na verdade, esse costume sempre foi comum, mas depois que a cultura nerd foi se tornando mainstream, o cosplay estourou. Quem leva o hábito a sério investe muita grana em fantasias, acessórios e maquiagem para ficar igual ao seu personagem preferido.


D de dorama



Também tem novela no Japão – e, aos poucos, elas estão ganhando o mundo, igualzinho às brasileiras e às mexicanas. No que diz respeito aos temas, os doramas são ecléticos: tem romance, suspense, terror, comédia e muito, muito drama adolescente. Mas são bem mais curtos que a média das novelas brasileiras – por terem um formato narrativo que lembra mais as séries de TV, dá para maratonar e devorar um dorama em uma semana. Os doramas mais famosos no Brasil foram feitos na Coreia do Sul, mas o Japão também tem tradição no formato.



E de Edo



Essa cidade litorânea surgiu como uma vila de pescadores no século 15, mas ganhou proeminência a partir de 1603, quando se tornou a sede do governo autoritário do xogum Tokugawa Ieyasu. Cem anos depois, a população do lugar já beirava o um milhão, um número bem alto para qualquer cidade naquela época. A família de Tokugawa governou a região até 1868, quando terminou o Período Edo. No mesmo ano, a cidade passou a servir de lar para o imperador Meiji e foi rebatizada, recebendo o nome de “capital do leste”. Foi assim que nasceu Tóquio, a capital do Japão.



F de Fuji



Com 3,7 mil metros de altura, o Monte Fuji é o pico mais alto de todo o Japão. Para os habitantes do arquipélago, o Fuji é bem mais que uma montanha nevada. No xintoísmo, religião politeísta antiga do Japão, o Fuji-san é o lar de Kuninotokotachi, um dos deuses primordiais do universo. Como quase tudo no Japão, o monte é cercado de mitos e mistérios. Um exemplo é Aokigahara, uma floresta sombria que fica aos seus pés, onde mais de 500 pessoas já se mataram. Apesar da morbidez associada ao lugar, o Fuji é respeitado como uma autoridade entre os japoneses.



G de Ghibli



Os animes criados pelo Studio Ghibli são tão influentes que merecem um tópico só para eles. Desde 1986, o estúdio cria longa-metragens que misturam elementos de fantasia com outros traços da cultura milenar japonesa. A maior parte dos filmes é protagonizada por crianças, mas as histórias nunca subestimam a inteligência ou a capacidade dos pequenos de entender temas pesados como a morte e a guerra. É por isso que A viagem de Chihiro (2003), Meu vizinho Totoro (1995) e Túmulo dos vagalumes (1989) também fazem tanto sucesso entre os adultos.


H de hanami



O significado literal do termo é “contemplar as flores”. Na prática, o hanami é associado ao florescimento das flores de cerejeira, que acontece entre março e maio no Japão. Essa flor (sakura, em japonês) é um dos símbolos do país e elemento importante de sua cultura. Os jardins coloridos de rosa são destinos frequentes de viajantes que passam por lá. Mas, entre os japoneses, a tradição também inclui fazer oferendas aos pés das árvores e comemorar a época de plantação de arroz. Aqui no Brasil, a época de florescimento de cerejeiras acontece em agosto.


I de izakaya



Nos últimos cinco anos, surgiram em cidades brasileiras como São Paulo diversos bares com poucos lugares disponíveis, que oferecem porções e bebidas tipicamente japonesas. Esses estabelecimentos são inspirados no izakaya japonês, um tipo de bar criado para o happy hour. No Japão, há várias categorias de izakaya, desde os maiores, de grandes cadeias de restaurantes, até os mais simples, que se parecem com barracas de comida de rua. A ideia é se encontrar com amigos, conversar, comer e beber bem gastando pouco.


J de j-music



A música é uma das grandes manifestações culturais do Japão. Não é por acaso que o karaokê é um hobby tão difundido no país. Os estilos mais tradicionais de música continuam fazendo sucesso por lá. E por aqui também. A prova disso é que o Concurso Brasileiro de Canção Japonesao maior campeonato de karaokê do Brasil, já está em sua 32ª edição. E não se engane, o nível é hard: os participantes, que podem ter de 3 a 90 anos, cantam tudinho em japonês. Neste ano, o evento acontecerá entre os dias 21 e 23 de julho em Suzano, na Grande SP, com patrocínio do Bradesco. Outros gêneros como J-Pop e J-Rock também bombam por aqui, com um forte apelo entre os jovens.



K de kombini



Outra moda japonesa que começa agora a se alastrar no Brasil é a das kombinis – lojas de conveniência em que se encontra de tudo. Quer um bentô para viagem? Tem. Quer bebida? Doces? Ingredientes para cozinhar em casa? Também tem. Até produto de limpeza e utensílio doméstico dá para encontrar nas kombinis japonesas, que estão espalhadas por todos os cantos nas grandes cidades do país. A cadeia mais famosa de kombinis é de uma empresa americana que encontrou um nicho de mercado extremamente lucrativo no Japão – das suas 28 mil lojas distribuídas pelo mundo, 11 mil estão lá.



L de lamen



Gourmetizaram o miojo? Na verdade, o miojo é que é a cópia. O lamen (ou ramen) é um prato tipicamente japonês feito com macarrão, sopa feita de caldo de carne ou peixe, vegetais e pedaços de carne. A iguaria ficou popular depois da Segunda Guerra Mundial por ser barata – era basicamente um mexido quente, feito de restos. A fama cresceu tanto que inspirou a criação de diversas marcas de sopas de macarrão instantâneo no mundo afora (inclusive por aqui). De uns tempos para cá, os brasileiros estão conhecendo o lamen verdadeiro em casas especializadas no prato quente, com versões super saborosas e bem elaboradas para todos os gostos (e bolsos).



M de Murakami


Também foi recentemente que os brasileiros se aprofundaram nos autores japoneses contemporâneos de ficção, como Kazuo IshiguroKenzaburo Oe e Haruki Murakami. Misturando a complexidade das relações humanas com toques de fantasia ou ficção científica, Murakami, por exemplo, tem uma vasta produção de romances, contos e livros de não-ficção, que servem de porta de entrada para a fascinante e diversa literatura japonesa.

N de Nintendo



Quando o primeiro-ministro japonês fez referência ao Mario no encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio, nerds do mundo inteiro se animaram para a próxima edição do evento esportivo, que será em 2020, em Tóquio. Ficou provado que, mais que um personagem famoso, Mario é um elemento cultural importantíssimo para o Japão. Além disso, ele é símbolo máximo da Nintendo, a empresa de videogames responsável pela popularização dos jogos eletrônicosnos lares durante os anos 1980 e 1990.

O de origami



Dizem que, se você fizer mil tsurus de papel, terá um pedido realizado. A lenda mostra como a habilidade de dobrar papéis para formar figuras de animais ou objetos está introjetada na vida dos japoneses. O hábito existe desde o Período Edo (1603 a 1868) no Japão, e foi se espalhando pelo mundo tanto como prática terapêutica quanto como elemento decorativo.

P de Pikachu


Começou como um joguinho simples para o GameBoy, em que o objetivo era colecionar criaturas e usá-las em batalhas. Depois, virou um anime de mais de 900 episódios. Vieram filmes, mangás, jogos de cartas, materiais escolares, comidas. Hoje, Pokémon é uma franquia de mídia que já arrecadou mais de 40 bilhões de dólares pelo mundo. Boa parte desse sucesso é graças ao carisma de um de seus protagonistas, o rato elétrico Pikachu, um grande ícone kawaii(subcultura japonesa que investe em personagens fofos ou elementos infantilizados para pessoas de todas as idades). Em 2003, no auge da fama de Pokémon, Pikachu foi eleito o oitavo personagem de ficção mais lucrativo do ano, pela revista Forbes. Até hoje, quase 15 anos depois, o ratinho é reconhecível de longe até por quem nunca teve contato direto com o desenho ou o jogo. Energia de sobra.

Q de quimono



A palavra significa, literalmente, “coisa para vestir”. Ou seja, roupa. Mas o termo é mundialmente conhecido como um roupão tradicional usado pelos japoneses, ou qualquer um dos trajes parecidos com ele, inclusive os que são usados na prática de artes marciais. Há diversas variações, como o yukata, feito de um tecido mais leve, usado tradicionalmente por mulheres. A vestimenta tradicional chegou às passarelas e gerou a criação de peças inspiradas (como vestidos e casacos) aqui no ocidente.

R de ryokan




Turistas que vão para o Japão têm diversas opções de hospedagem, para várias faixas de preço. Uma opção mais tradicional (e, geralmente, mais cara) é hosperdar-se em ryokans, tipos de pousadas que oferecem uma experiência de hospedagem completa, com refeições e acomodações típicas japonesas. Alguns têm até seu próprio onsen – fontes termais bastante populares por lá, em que a pessoa se banha sem roupa, conectando-se com a natureza.

S de shōchū



Saquê é coisa do passado? Bom, a moda agora é provar essa outra bebida típica japonesa. Ambas podem ser feitas de arroz. A diferença é que o saquê é fermentado, e seu teor alcoólico não passa de 20%. O shochu é destilado, como o uísque, e bem mais forte: tem até 35% de álcool. Apesar de existir há séculos, foi só em 2003 que o shochu (que também pode ser feito de batata doce) se tornou mais popular que o saquê nos bares japoneses. Isso provocou uma mudança significativa na imagem da bebida. Antes, era coisa de velho. Agora, é popular entre os jovens.

T de tabanata



Havia uma princesa chamada Orihime, que se apaixonou por um jovem de nome Kengyu. A paixão foi tão intensa e irresponsável que o pai da moça, Tentei, separou-os, colocando cada um em uma extremidade da Via Láctea. A partir desse momento, eles só podem se encontrar uma vez por ano, no sétimo dia do sétimo mês. Durante o reencontro do casal, os pedidos dos terráqueos às estrelas se realizam. Essa é mais uma das lendas que inspiram os diversos festivais típicos do japão. No tabanata matsuri, decora-se ramos de bambu com fitas de papel colorido contendo os pedidos das pessoas. Originalmente, o tabanata é comemorado no sétimo mês do calendário lunar japonês, que geralmente cai em agosto no nosso calendário. Mas também há o costume de festejar no mês de julho, adaptando a festa à agenda brasileira. Neste ano, também com patrocínio do Bradesco, a celebração na Liberdade, tradicional bairro Japonês de São Paulo, acontecerá nos dias 15 e 16 de julho.

U de ukiyo-e



Quando você pensa em arte japonesa, é provável que lhe venham à cabeça aquelas figuras em tons pastéis feitas entre os séculos 17 e 19. É o ukiyo-e, um estilo de xilogravura e pintura que retratava peças de teatro kabuki, lutas de sumô, figuras femininas, paisagens e cenas de sexo. Na época, até as imagens mais ousadas não eram consideradas pornográficas da mesma maneira que vemos hoje. Essas cenas ajudaram a mostrar para o mundo o estilo de vida japonês da época.

V de visual kei


Já falamos de como a música japonesa tem gêneros distintos e, muitas vezes, surpreendentes para os ouvidos ocidentais. O visual kei merece menção à parte, por representar tanto o estilo visual quanto o musical de bandas que misturavam vertentes do rock a partir dos anos 1980. É o equivalente nipônico ao punk, ao heavy metal e ao glam rock, gêneros que fizeram sucesso em momentos diferentes no cenário ocidental. Os pioneiros do visual kei, que sempre capricharam muito nos looks, são os avôs do j-rock atual. O estilo estará presente entre as atrações do Festival do Japão.

W de wasabi



Quando explodiu no Brasil a moda de rodízio de comida japonesa, também fomos apresentados à raiz-forte japonesa, um tempero peculiar de sabor intenso. Combinar wasabi com o peixe cru é uma prática comum no Japão desde o Período Edo. Mas o wasabi que encontramos nos mercado brasileiro é um pouco diferente do que existia no Japão de séculos atrás. A pasta verde é feita com a extração do caule de uma planta misturada a corantes, aditivos e outros temperos, como mostarda.

X de xogum



Entender as hierarquias políticas da história do Japão pode ser meio complicado. Mas podemos simplificar. Até 1868 (quando Tóquio se tornou capital do Japão, como você já viu aqui), a figura do imperador era mais simbólica, sem tanto poder político. Quem mandava mesmo na coisa toda eram os xoguns, português de shōgun, espécie de governadores gerais e líderes militares do país. O xogum era escolhido diretamente pelo imperador, mas o cargo era hereditário. Houve três grandes xogunatos entre os séculos 12 e 19. Deu tempo de acontecer diversos golpes políticos, batalhas, cargos usurpados e traições, até o imperador Meiji acabar com essa tradição. No entanto, a figura do xogum é um elemento quase mítico da história japonesa, e a época em que governaram inspira filmes, livros e videogames.

Y de yokai


O folclore japonês está cheio de monstros e seres sobrenaturais. O termo yokai abrange diversas criaturas humanoides com características de animais. Geralmente, eles aparecem nos mangás e animes como vilões ou demônios, mas também há os yokai que reforçam o time do bem. Preste atenção nos personagens que têm orelhas de raposa, ou caudas, ou patas de cachorro. A popularização desses monstros teve uma função histórica no Japão, que foi conservar o folclore na era do pós-guerra, quando a ciência começou a se sobrepor à sabedoria popular no país.

Z de zen



Essa você conhece! A palavra já virou sinônimo de calma e serenidade, fortemente associada ao Budismo. É por aí mesmo. O zen é o termo japonês para uma prática que prega a observação da própria mente por meio da meditação. “Ser zen” vai bem além de sentar-se em posição de lótus e esvaziar a mente por meia hora. O zen está mais para um estilo de vida, que influencia todas as atividades do dia-a-dia, desde a arrumação da casa até o jeito de se relacionar com as pessoas ao nosso redor.