Os mitos e fábulas dos sumérios, cheias de lições de moral e analogias com a vida em sociedade, podem ser aplicadas até hoje.
O início de tudo
Assim como várias outras civilizações, os sumérios acreditavam que o início do mundo se deu pela separação do deus do céu, An, e de sua contraparte, Ki. Essa divisão foi feita pelo filho do casal Enlil, que no futuro destronaria o pai e se tornaria rei.
Foi ele quem engravidou a deusa do ar, Ninlil, quando a divindade desobedeceu ordens e resolveu se banhar nua no rio. Horrorizados com a situação, os outros deuses baniram o casal de sua terra, fazendo com que fossem viver no submundo. Lá, Enlil criou um plano para libertar a filha dos dois: Nanna. Para isso, ele teve que se passar por outros três homens e engravidar Ninlil de outras três crianças. Assim, Nanna conseguiu escapar, mas o resto da família permaneceu no submundo — vai entender a excentricidade divina.
Outros deuses
Enki, o deus da água, se apaixonou e seduziu a divindade feminina Nintu, com quem teve a primeira filha, Ninsar, deusa da vegetação. Enki, contudo, não parou por aí. Engravidou a própria filha, que deu à luz a Ninkurra, a deusa da montanha — que, adivinha? — ficou grávida do avô. Enki convenceu também Uttu, sua caçula (e bisneta), a se tornar uma amante.
Furiosa, Nintu plantou em outro lugar a semente que fecundaria Uttu, dando origem a oito plantas, que seriam comidas por Enki. O deus então ficou grávido de oito divindades diferentes, uma para cada parte do corpo. Essas deusas se tornaram responsáveis pelos membros de que nasceram.
Semideuses
Gilgamesh era rei de Uruk e por mais belo, rico, poderoso e forte que fosse, era ganancioso, arrogante e tinha um apetite sexual voraz. Numa tentativa de parar o semideus, as divindades enviaram Enkidu para atrapalhá-lo, mas os dois acabaram se tornando melhores amigos.
Vendo o companheiro doente, Gilgamesh passou a refletir sobre a própria morte e encontrou Utnapishtim, imortalizado pelos deuses, que contou sua história. Uma espécie de Noé dos sumérios, Utnapishtim sobreviveu a uma enchente mandada pelos céus porque os deuses estavam furiosos com a humanidade.
Após essa conversa, o semideus se contentou com a ideia de que morreria, mas que sua espécie seria para sempre imortal — o que, de certa forma, faz sentido já que milhares de anos depois ainda conhecemos e estudamos a vida de Gilgamesh.