Era um "monstro" que chegava a 14 m de comprimento, 1 m de diâmetro e 1,5 tonelada...
Era um “monstro” que chegava a 14 m de comprimento, 1 m de diâmetro e 1,5 tonelada. Capaz de engolir um crocodilo inteiro, o réptil teria surgido após a extinção dos dinossauros, há 58 milhões de anos, durante o período Paleoceno, e se estabelecido como o maior predador do planeta por pelo menos 10 milhões de anos. As vértebras fossilizadas da titanoboaatravessaram o tempo por serem numerosas e resistentes – eram cerca de 300 e cinco vezes maiores que as da sucuri brasileira. Descobertas em 2009, no norte da Colômbia, sugerem que ela vivia em selvas pantanosas na região da atual Amazônia.
Espiral de aço
Ela curtia emboscadas, mantendo-se à beira dos rios com os olhos e as narinas atentos. Na hora do bote, movia-se a 3,5 m por segundo, enrolando-se na vítima até imobilizá-la. Depois, apertava com uma pressão que foi estimada em 400 libras por polegada quadrada, o equivalente ao peso de três torres Eiffel! A vítima morria sufocada e/ou esmagada.
Escondida na paisagem
O calor dos trópicos nessa época, com picos de 40 oC, teria estimulado o crescimento descomunal do bicho. O ambiente também pode ter influenciado outra característica: acredita-se que suas escamas tivessem um tom marrom-esverdeado, com manchas pretas, imitando o padrão das folhas aquáticas e garantindo uma camuflagem eficiente
Numa bocada só
As mandíbulas eram bipartidas, ou seja, não eram rigidamente ligadas. A boca podia abrir num ângulo de 180o. Assim, ela podia engolir um bicho quatro vezes o tamanho de sua cabeça (alguns paleontólogos sugerem que ela seria capaz até de abocanhar uma motocicleta inteira). Os dentes eram pequenos, pontiagudos e recurvos, típicos de cobras não venenosas.Grandes cavidades oculares no crânio levam a crer que ela tinha órgãos detectores de fontes de calor, agindo como óculos infravermelhos
Jiboiando
As presas favoritas costumavam ser as de grande porte, como crocodilos primitivos e tartarugas gigantes. Numa “pratada” só, a titanoboa conseguia mandar pra dentro até 1 tonelada de comida – cerca de dez vezes mais que a refeição média de um tiranossauro rex. Depois de engolir tudo inteiro, ela passava até um ano imóvel fazendo a digestão
Vaso ruim não quebra
Acredita-se que, na época de reprodução, a fêmea atraía os machos exalando um forte odor e silvos estridentes. Ela gerava de dez a 80 filhotes, que eclodiam dos ovos no interior de sua barriga e já nasciam prontos para caçar sozinhos. Assim como os grandes répteis pré-históricos, a titanoboa vivia bastante: cerca de 30 anos, segundo os paleontólogos.
Desapertando o cinto
Em muitos aspectos, a titanoboa era parecida com as cobras atuais. Por exemplo: tal qual as jiboias, suas costelas eram capazes de se afastar para acomodar um alimento muito grande. Para impulsionar o corpo com curvas em S, ela contraía os músculos e a espinha dorsal. Esse movimento, chamado propulsão ondulatória, rolava melhor na água, apesar de o bicho ter sido terrestre
Outras serpentes enormes de diferentes épocas
Gigantophis garstini
QUANDO Há 40 milhões de anos
ONDE África
TAMANHO 10,7 m
QUANDO Há 40 milhões de anos
ONDE África
TAMANHO 10,7 m
Sanajeh indicus
QUANDO Há 65 milhões de anos
ONDE América do Sul, Oceania e África
TAMANHO 3,5 m
QUANDO Há 65 milhões de anos
ONDE América do Sul, Oceania e África
TAMANHO 3,5 m
Píton-real (Python reticulatus)
QUANDO Atualidade
ONDE Sudeste asiático
TAMANHO 10 m
QUANDO Atualidade
ONDE Sudeste asiático
TAMANHO 10 m
Sucuri (Eunectes murinus)
QUANDO Atualidade
ONDE América do Sul
TAMANHO 9 m
QUANDO Atualidade
ONDE América do Sul
TAMANHO 9 m
CONSULTORIA Augustin Martinelli, doutor em paleontologia e estratigrafia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e David Polly, paleontólogo da Universidade de Indiana (EUA)
FONTES Sites Smithsonian Channel, About, BBC, Los Angeles Times e Science Daily, museu da Universidade de Nebraska, Encyclopedia Britannica e revista Nature