Sumiço do astro só é visível na Terra numa área de 200 quilômetros de diâmetro...
Quando a Lua passa exatamente entre a Terra e o Sol, o astro que ilumina nosso planeta some por alguns minutos. O espetáculo só ocorre durante a lua nova e apenas nas ocasiões em que a sombra projetada pelo satélite atinge algum ponto da superfície do planeta. Aliás, é o tamanho dessa sombra que vai determinar se o desaparecimento do astro será total, parcial ou anular. Geralmente, ocorrem ao menos dois eclipses solares por ano. “Na Antiguidade, o fenômeno despertava todo tipo de superstição. Chineses e babilônios acreditavam que os eclipses aconteciam quando um dragão comia o Sol. Para espantar o monstro, esse povos lançavam flechas ao céu. O mistério sobre as verdadeiras causas dos eclipses só começou a ser resolvido em 585 a.C., quando o grego Tales de Mileto conseguiu prever com exatidão, pela primeira vez, um eclipse solar”, diz o astrônomo Roberto Boczko, da USP. Para os especialistas, um eclipse solar é uma excelente oportunidade para estudar melhor o Sol.
Com o desaparecimento momentâneo da parte interna do disco solar, os cientistas medem a composição dos gases e a intensidade dos raios emitidos pela cromosfera, a camada externa do astro. Para os observadores comuns, o espetáculo requer cuidados. Nem pense em tentar ver o fenômeno a olho nu. “Os raios X e ultravioleta (UV) que vêm do Sol podem machucar a retina e até cegar”, afirma Roberto. O melhor é se proteger da radiação cobrindo os olhos com a parte preta das chapas de raios X, ou com um sanduíche de filmes fotográficos preto e branco queimados e revelados (os coloridos não funcionam contra raios X e UV). “Mas só é seguro olhar por poucos segundos. Para evitar riscos, o ideal é usar um espelho para projetar o show em uma parede”, diz Roberto.
Show exclusivo
Sumiço do astro só é visível na Terra numa área de 200 quilômetros de diâmetro
PRIVILÉGIO SECULAR
Um eclipse total do Sol só é visível em uma pequena faixa do planeta porque a sombra que a Lua projeta sobre o globo tem pouco mais de 200 quilômetros de diâmetro. Por causa do movimento de translação da Lua e de rotação da Terra, a área escura avança por cerca de 16 mil quilômetros, desenhando um caminho estreito no globo terrestre. Um eclipse total do sol costuma demorar entre 300 e 400 anos para se repetir em um mesmo lugar da Terra.
ECLIPSE PARCIAL
Surge quando apenas uma parte do astro cai na região de sombra total da Lua, e o restante continua visível. Justamente por isso, é um dos mais perigosos de se observar a olho nu, porque o brilho do Sol permanece praticamente igual. Ocorre em 35% das vezes.
ECLIPSE ANULAR
Acontece quando a Lua está distante da Terra e a sombra total do satélite não consegue encobrir o Sol por completo. Parte da área principal do disco solar, a fotosfera, permanece visível, gerando um anel circular bem delineado ao redor da parte escura. Esse tipo de evento ocorre em 33% dos eclipses solares.
ECLIPSE TOTAL
Ocorre quando a Lua bloqueia totalmente o Sol. Mesmo assim, o astro não desaparece por completo, pois a parte externa da atmosfera do Sol permanece visível, formando uma coroa de brilho fraco. Acontece em 27% dos casos – os 5% restantes são eclipses híbridos, que podem ser anulares ou totais, dependendo de onde são vistos.
PERTO DA LUA…
Os tipos de eclipses do Sol variam porque tanto a órbita da Lua quando a da Terra não são círculos perfeitos, mas trajetórias ovais com distâncias variáveis. Quando o satélite está mais próximo do nosso planeta, a 363 mil quilômetros, e o globo terrestre está bem distante do Sol, a 152 milhões de quilômetros, a Lua parece maior do que o Sol visto no céu terrestre. Nesse caso, ela projeta uma sombra grande na Terra, gerando uma área de eclipse total...
… E PERTO DO SOL Quando a Lua está em sua maior distância em relação à Terra, a 406 mil quilômetros, e esta encontra-se mais próxima do Sol, a 147 milhões de quilômetros, o satélite parece menor do que o astro no ponto de vista de um observador que acompanha o sumiço a partir de algum ponto do planeta. Nessas ocasiões, a área de escuridão é bem menor do que nos eclipses totais, e um anel brilhante continua rodeando o Sol mesmo durante a fase máxima da obstrução