Porque elas são muito mais agressivas que suas irmãs européias. As africanas atacam em número maior e em apenas 30 segundos são capazes de injetar oito vezes mais toxinas em suas pobres vítimas. “Durante milhares de anos, por influência do meio ambiente, as características genéticas e comportamentais das abelhas africanas foram se diferenciando das européias, que são muito mais mansas e fáceis de domesticar”, afirma o biólogo Osmar Malaspina, do Centro de Estudos de Insetos Sociais da Universidade Estadual Paulista (UNESP). Acredita-se que o modo agressivo como os nativos africanos retiravam o mel, ateando fogo nas colônias, teria provocado a formação de um espírito tão guerreiro na espécie. Assim, as abelhas africanas ficaram tão preparadas para a autodefesa que percebem vibrações no ar a 30 metros de distância e já se sentem ameaçadas quando alguém chega a menos de 15 metros da colméia. Quando atacam, podem perseguir sua vítima por mais de 1 quilômetro.
De tão perigosas, passaram a ser conhecidas em todo o mundo como abelhas assassinas. O apelido não pegou à toa: desde a década de 50, mais de 1 000 pessoas já morreram por causa de suas picadas só no continente americano. No Brasil, elas chegaram em 1956, trazidas pelo agrônomo paulista Warwick Estevan Kerr, que queria melhorar a produção de mel – mais resistente a doenças, a africana é mais eficiente. Kerr trouxe 51 rainhas para o interior de São Paulo. Dois anos depois, um técnico deixou, por descuido, que algumas escapassem da colônia experimental. Desde então, elas espalharam tanto seus genes que, hoje, cerca de 90% das abelhas do país são descendentes do cruzamento dessa espécie com a européia. A partir do Brasil, elas invadiram quase toda a América do Sul e a Central, e chegaram aos Estados Unidos em 1990, driblando os vários centros de controle construídos na fronteira deste país com o México.