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sexta-feira, 28 de julho de 2017

Algum dia Será Possível Viajar no Tempo?


Tudo indica que por um bom tempo essa viagem vai ficar só na ficção. Os cientistas até imaginam como teletransportar gente – difícil mesmo é concretizar a experiência. Aliás, a hipótese concebida pelos físicos não tem nada a ver com o que acontecia na série Jornada nas Estrelas. Lembra? O capitão Kirk ficava debaixo de um feixe de luz, sumia da nave Enterprise e se materializava em outro planeta. Essa ideia foi cientificamente descartada há dez anos, quando o físico americano Charles Bennett demonstrou que o teletransporte é possível, mas com uma condição: o que chega ao destino não é o passageiro, mas um xerox do sujeito. Seu corpo, suas memórias, emoções e tudo o mais estariam na cópia, só que materializados em átomos diferentes. O que viaja pelo espaço são as informações sobre o comportamento das partículas que formam cada átomo do corpo humano, números que seriam “impressos” em outros átomos na hora de construir a cópia idêntica.

Mas, como essas partículas que formam os átomos são complexas e delicadas, o único jeito de transportar corretamente todos os seus dados sem sofrer interferência dos equipamentos é fazer com que as partículas possam se comunicar de forma instantânea, mesmo sem ter nenhuma ligação física. Esquisito, não? Mas o entrelaçamento, nome dessa condição surreal, é a chave para o teletransporte. “Ele permite montar partículas com propriedades idênticas mesmo que uma esteja longe da outra”, diz o próprio Charles Bennett, criador dessa teoria de teletransporte. Só para dar um exemplo: em um teletransporte entre São Paulo e Plutão, se uma partícula fosse alterada por aqui, a outra se modificaria instantaneamente no distante planeta. O mais incrível é que essa idéia maluca já funcionou na prática.
No final da década de 90, o físico inglês Samuel Braunstein, da Universidade de York, na Inglaterra, usou o entrelaçamento para teletransportar um feixe de raio laser em um laboratório. “Mas os elementos luminosos são muito mais simples que um átomo. Para teletransportar uma pessoa, a quantidade de informações seria trilhões de vezes maior. Resta saber quando lidaremos com isso de forma precisa”, diz Braunstein.

Não fazemos qualquer negócio O físico Samuel Braunstein já teletransportou um raio laser, mas a ciência está longe de repetir isso com humanos
1. Antes de ser teletransportada, uma pessoa precisaria se submeter a duas técnicas para transmitir as informações dos átomos que a compõem. A primeira delas é uma espécie de escaneamento. Um aparelho especial leria as informações das partículas que formam o indivíduo para depois mandá-las para outro lugar. É como se fosse uma transmissão de fax — a diferença, como veremos adiante, é que o original é jogado fora!
2. Como o escaneamento não consegue captar 100% das características atômicas, o teletransporte exigiria uma segunda técnica, o entrelaçamento, que usa “bolos de matéria” com átomos tratados em laboratório, capazes de se comunicarem entre si mesmo a uma grande distância. Nessa curiosa condição, é como se as informações mais sutis passassem instantaneamente de um átomo aqui na Terra para outro entrelaçado que esteja em Plutão, por exemplo
3. Hoje, já existem máquinas que escaneiam e entrelaçam fótons e raios laser, mas nenhuma consegue fazer isso com um átomo, que dirá com um indivíduo inteiro. Mas, se o teletransporte humano se tornasse possível, os cientistas usariam equipamentos com o mesmo princípio para entrelaçar um monte de átomos. Metade deles ficaria num “bolo de matéria” na estação de partida do teletransporte e o resto ficaria na estação de chegada
4. Quando a pessoa entrasse na cabine de partida, ela seria escaneada e entrelaçada com o “bolo de matéria” de átomos existentes no local — que por sua vez já estariam entrelaçados com o “bolo de matéria” do ponto de chegada. A cena seria surreal: os átomos do sujeito se desintegrariam e o indivíduo original viraria uma massa disforme e sem vida na estação de partida
5. O fato de os dois “bolos de matéria” (no ponto de partida e no de chegada) estarem entrelaçados não seria suficiente para reconstruir a pessoa no destino final, pois sozinhos os dados do entrelaçamento não dizem nada sobre as características do sujeito. Seria preciso passar por uma outra etapa, que seria a transmissão das informações captadas no escaneamento inicial. Esses dados seriam enviados para o ponto de chegada por ondas de rádio
6. As informações escaneadas ajudariam a traduzir os dados do entrelaçamento na cabine de chegada. Aí, cada um dos átomos do “bolo de matéria” do destino poderia ser moldado para formar uma cópia exata do sujeito. O problema é que precisaríamos fazer isso com todos os átomos do corpo humano. O total é enorme: nada menos que o número 1 seguido de 29 zeros!