É devido a uma combinação de fatores naturais. A flora do Cerrado possui características biológicas que a protegem da morte em caso de queimadas.
É devido a uma combinação de fatores naturais. A flora do Cerrado possui características biológicas que a protegem da morte em caso de queimadas – fenômeno comum na região devido aos raios. Mas o fogo mata alguns brotos, de modo que os galhos estão sempre crescendo numa direção diferente (veja no infográfico abaixo). Vale lembrar que o Cerrado é um bioma do tipo savana (em que as árvores são espaçadas o suficiente para deixar que a luz solar chegue ao solo e permita o crescimento de grama) exclusivo da América do Sul, predominante principalmente no Centro-Oeste do Brasil. A vegetação, típica de climas secos, se compõe de arbustos e pequenas árvores com troncos tortuosos e casca e folhas grossas.
1) CASCA GROSSA
O súber é um tecido formado por células mortas e que envolve troncos e galhos. Ele é interpretado como uma característica de adaptação ao fogo. Agindo como isolante térmico, o súber impede que as altas temperaturas das labaredas atinjam os tecidos vivos mais internos dos caules
2) TERRA FRACA
O solo é naturalmente rico em alumínio e pobre em nutrientes, o que faz com que a vegetação não cresça muito. Por isso, é comum ver árvores baixas no Cerrado, com entre 2 e 6 m (a não ser nas partes conhecidas como Cerradão, em que há mais disponibilidade de água e nutrientes)
3) DEBAIXO DA TERRA
Raízes e outras estruturas subterrâneas, como tubérculos, são muito bem desenvolvidas nas plantas do Cerrado – em parte para buscar água em lençóis a 20 m abaixo do solo. Com isso, a vegetação pode rebrotar com rapidez após intempéries climáticas, como o fogo, por exemplo.
VIDA APÓS AS CHAMAS
Brotos de cima queimam, então o jeito é ir para os lados
Árvore Cerrado 21. O fogo, resultante de descargas elétricas naturais, é comum na região. Ele queima a gema (ou broto) apical, uma concentração celular no ápice do caule. Por isso, a árvore deixa de crescer para cima
2. A árvore não morre por causa da casca grossa, do súber e das raízes (veja acima). Com isso, as gemas axilares, que ficam nas laterais do caule, germinam, fazendo com que a árvore cresça para os lados
3. O processo de queimada e morte das gemas é contínuo, de modo que os galhos ganham sequências de curvas e ficam “tortos”. Afinal, a cada momento, há uma gema axilar brotando para um lado diferente
CONSULTORIA Renata Carnevale, engenheira florestal
FONTES Livro Ecossistemas, da Enge-Rio, e Manual para Recuperação da Vegetação de Cerrado, da Floresta Estadual e Estação Ecológica de Assis