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10 filmes do cinema japonês que você precisa assistir

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 Recentemente eu tenho tido muito contato com o cinema japonês e tenho ficado cada vez mais fascinado. Eu vi tanta coisa literalmente incrível que eu simplesmente não poderia deixar de vir aqui e fazer estas indicações. Tem uma coisa bem diferente no cinema deles, seja no tempo ou na captura das imagens, que surpreende de todas as maneiras. Entre filmes mais experimentais e outros mais íntimos, dez filmes do cinema japonês que você precisa conhecer:

Blue Film Woman (1968)




Neste thriller no-sense, (o que os japoneses costumam chamar de Pink Film) com ares de comédia pornográfica e uma leve pitada de ação, que me faz lembrar o cinema de Tarantino, acompanhamos a trajetória de uma mulher que após ter sua família destruída por uma rede de agiotas se vê obrigada a se vingar. Uma rede de conflitos e jogos sexuais são criados e nem tudo sai como ela esperava. Muitas cores, sobreposições de imagens, jogos de luz e sombra e muitos ângulos servindo criatividade cinematográfica. Para além da história que diverte, Blue Film Woman é uma interessante aula sobre como criar um cinema não convencional. Dirigido por Toshio Matsumoto é uma dos pontos altos do cinema independente japonês do fim da década de 60.

O funeral das Rosas (1969)


Nesta obra prima de Toshio Matsumoto e do cinema propriamente dito, acompanhamos a noite de um grupo de prostitutas transexuais e suas aventuras amorosas. Num formato que não define os limites entre documentário e ficção, somos cativados pela história de Eddie (Peter), a personagem principal, em um Japão pós segunda-guerra, tendo que lidar com uma sociedade ainda precoce no entendimento da transexualidade, à medida em que ela se apaixona por Gonda (Yoshio Tsuchiya), principal interesse romântico de sua cafetina Leda (Osamu Ogasawara). 

Outro ponto do alto do filme é a sua montagem. Ora brinca com uma narrativa não linear, ora joga-nos elementos cartunescos, como na cena em aproveita a cena de uma discussão para reproduzir páginas de um mangá. Para além disso, a direção de fotografia é certeira em apostar em ângulos misteriosos, luzes baixas e uma câmera que anda com os personagens. Uma das principais obras da Nouvelle Vague japonesa, corajoso ao tocar em temas considerados tabus para época é uma história que merece ser vista. 

Rashômon (1950)



A violação de uma noiva e o assassinato de seu marido samurai são lembrados desde a perspectiva de um bandido, da noiva, do fantasma do samurai e de um lenhador que tudo testemunhou. Vencedor de um Leão de Ouro, Rashomon é mais uma obra de Akira Kurosawa que trata sobre culpa. 

Sonhos (1990)


Último filme do grande mestre Akira Kurosawa, Sonhos é uma ode a imagem. Mergulhado no inconsciente poético da fantasia, Akira explora a beleza da cores num devaneio surrealista e extremamente verdadeiro, já que todos os capítulos são baseados em sonhos que Akira teve durante a sua vida. Fascinante e diferente de tudo que Akira tenha feito antes, Sonhos é de uma delicadeza tocante. 

A rotina terá seu encanto (1962)


Através da lente delicada e da perspectiva detalhista de Ozu, acompanhamos um grupo de personagens presos em uma rotina, do jeito que a vida costuma ser. Isso não necessariamente é ruim para todos, pois existem aqueles que se sente conformados, os que se sentem confortáveis e os que se sentem injuriados. Última obra do grande mestre do cinema japonês, a Rotina Terá Seu Encanto é uma célebre despedida, um fascinante passeio pelo cotidiano, um grande aprimoramento da vida.  

Ran (1985)


Em sua obra prima, Akira Kurosawa eleve a sua marca cinematográfica, o movimento. Neste drama de guerra, a ideia de movimento é uma constante. Nada parece realmente parada, mesmo quando a câmera está estática, colando-se nesta condição. O filme que toca em temas como loucura e escolhas tornou-se a obra favorita dos fãs de Kurosawa. 

Uma página de loucura (1926)


Dirigido por um Kaneto Shindô ainda em começo de carreira, Uma Página de Loucura é uma experiência que flerta com o horror, com o drama e o surrealismo mesclado ao expressionismo. Apostando numa narrativa quebrada, no cinema mudo e num experimentalismo de imagens, Shindô nos conta sobre a perda da sanidade e o sabor da loucura. 

Os Sete Samurais (1954)



Num Japão feudal, um humilde vilarejo é alvo de constantes ataques. Após a chegada de Kambi (Takashi Shimura), um guerreiro errante, ele e outros seis se uniram pra defender a honra deste lugar desprotegido. O filme que inspirou grande parte dos filmes de faroeste hollywodiano, é uma crítica à casta feudal japonesa. A influência de Sete Samurais no cinema norte americano da segunda metade do século XX é imensurável. Experimentar desta obra é também experimentar de um Kurosawa em seu apogeu enquanto diretor.

Onibaba (1964)


Dirigido por Kaneto Shindô, Onibaba é um filme sobre solidão, culpa, velhice, vergonha e medo. Temas recorrentes na obra de Shindô, aqui apoiados ao tema folklorico, já que o filme é inspirado pela lenda budista yome-odoshi-no-men. Apesar de ser "erroneamente" categorizado como uma obra de terror, Onibaba é na verdade, mais uma, denúncia japonesa da vida num ambiente de guerra. Shindô toca em assuntos sociais como a segregação, a pobreza da vida em vilarejos e a figura da mulher numa sociedade extremamente afetada. 

A direção de fotografia acerta criando um ambiente que é iluminado apenas pela luz natural, evocando uma atmosfera mórbida durante a noite e lívida durante o dia. Além disso os cenários são poucos e claustrofóbicos, quase que insinuando a realidade daqueles três personagens. 

A Rua da Vergonha (1956)


Em sua obra mais célebre, e também a última de sua carreira, Kenji Mizoguchi (diretor que eu prometo trazer mais sobre em breve), nos apresenta a trajetória e história de cinco prostitutas - tema este muito recorrente em sua filmografia - que se encontram aos arredores do famoso bordel "Terra dos Sonhos" em Tóquio. Essas personagens vão atravessar caminhos tortuosos, fadadas a tragédias causadas pelos homens que as rodeiam, resultando numa tragédia feminina. Um importante filme para entender o retrato da objetificação feminina na sociedade nipônica.

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